É fácil perceber que, conforme ganham novas gerações nas costas, franquias clássicas tornam-se cada vez mais difíceis de gerenciar. De um lado, há todo o legado de anos ou décadas que deve ser respeitado — quer dizer, a série precisa manter as suas raízes, de forma que não vire apenas uma máquina caça-níqueis concebida para explorar à exaustão uma marca conhecida.
Por outro, uma fórmula simplesmente datada seria capaz de no máximo arrancar um sorriso saudosista de um fã de longa data... Dessa forma, inovar se mantém sempre como uma necessidade. De fato, Silent Hill parece mesmo um caso típico desse “fio de navalha”, cujo mais recente “equilibrista”, por assim dizer, é o controverso Downpour.
Dessa vez, Silent Hill se tornou o inferno particular do presidiário Murphy Pendleton, um personagem tão ambíguo quanto a trama e as novas paisagens da cidade. Murphy é um interno do presídio Ryall State Prison, embora o motivo para o encarceramento demore bastante tempo para aparecer — tal e qual a política do “levante a saia aos poucos”, algo absolutamente clássico em Silent Hill.
Entretanto, enquanto a temática se mantém razoavelmente idêntica, o mesmo não se pode dizer do andamento geral do jogo. Embora Silent Hill ainda mantenha em Downpour parte da sua atmosfera original, uma ação toda orientada para combates e resolução de puzzles acabou por abalar um pouco a impressão forte que a cidade fantasma causava em títulos anteriores.
No controle de Pendleton, você passará grande parte do tempo lutando não contra abominações, mas contra mecânicas de jogo falhas, e quase sempre no mais absoluto silêncio — impossível não reparar na falta que o compositor Akira Yamaoka faz para ambientação do jogo. Vamos aos detalhes.